Da “Época”: discussão sobre livros didáticos

Tudo começou em 18 de setembro último, com a publicação de um artigo do jornalista Ali Kamel no jornal O Globo (disponível aqui, no site do Estadão) com trechos tendenciosos do livro Nova História Crítica — que, com certeza, foi usado pelos alunos que cursaram da 6ª a 8ª série em colégio público e agora estão no 3º ano do ensino médio. Eu, inclusive. O livro foi considerado “apenas uma tentativa de fazer nossas crianças acreditarem que o capitalismo é mau e que a solução de todos os problemas é o socialismo, que só fracassou até aqui por culpa de burocratas autoritários.” A discussão só não atingiu maiores proporções porque no dia 1º de outubro o apresentador Luciano Huck foi assaltado e também publicou um artigo-desabafo na Folha de S. Paulo (Pensamentos quase póstumos), chamando todas as atenções para o caso. Huck foi capa da revista Época da semana passada; nessa semana, a discussão sobre os livros didáticos voltou à tona também com uma reportagem de capa intitulada O que estão ensinando às nossas crianças?, assinada por Alexandre Mansur, Luciana Vicária e Renata Leal.

Vários apostilas de livros didáticos foram citados, inclusive “um livro de Educação Física com um capítulo intitulado Faço esporte ou sou usado pelo esporte?, em que a atividade física é apresentada como ferramenta de exploração capitalista” e a apostila de História 3 do Anglo (quem estudou o 2º ano no colégio deve ter). O trecho é o seguinte:

“É o império da sociedade de consumo, perseguidora de maior produção, que continua a destruir o que resta de meio ambiente saudável do planeta. Cada vez mais destituída de solidariedade humana, essa sociedade consumista substitui a sociedade de cidadãos. É um mundo em que alguns são os senhores do mercado e a esmagadora maioria, sua vítima; tanto uns como outros mais e mais desumanizados.”

Para quem quiser conferir, isso está na página 540 (capítulo 68, sobre a Nova Ordem internacional).

A reportagem faz um comentário: “O que falta: a globalização beneficiou países periféricos, como China, índia e Brasil, que atraíram grandes investimentos de empresas que geram emprego. Esses países também passaram a competir no mercado global com suas empresas. Dados da ONU mostram que, entre 1985 e 2000, o valor das exportações anuais de todos os países do mundo aumentou de US$1,9 trilhão para US$6,3 trilhões. A renda per capita dos países em desenvolvimento subiu, em média, 5% ao ano durante a década de 1990 — bem acima dos países desenvolvidos. Os Tigres Asiáticos ficaram ricos com a entrada no mundo globalizado”.

“Algumas escolas do país usam sistemas de apostilas feitas por grandes empresas de educação como Objetivo, Anglo, Pitágoras, UNO e Positivo. O material feito por essas editoras nem passa pelo MEC”. Bem, a Época trabalha em parceria com o sistema UNO no Guia Época Vestibular 2008 — Atualidades, publicado em fascículos semanais há 9 semanas (são 10 ao todo, mais uma edição online).

Peço que, se possível, leiam a reportagem completa e pensem a respeito.

Gustavo

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